quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Castidade segundo os estados de vida

Continuando o tema da castidade, segundo o Catecismo da Igreja Católica, lembremos que “todo batizado é chamado à castidade (...) segundo seu específico estado de vida (CIC, 2348): casados ou celibatários.

Desde os tempos apostólicos, virgens e viúvas cristãs, chamadas pelo Senhor a apegar-se a Ele sem partilha em uma liberdade maior de coração, de corpo e de espírito, tomaram a decisão, aprovada pela Igreja, de viver respectivamente no estado de virgindade ou de castidade perpétua "por causa do Reino dos Céus" (Mt 19,12; cf. CIC, 922).

“Acrescentada às outras formas de vida consagrada, a ordem das virgens constitui a mulher que vive no mundo (ou a monja) na oração, na penitência, no serviço a seus irmãos e no trabalho apostólico, conforme o estado e os carismas respectivos oferecidos a cada uma. As virgens consagradas podem associar-se para guardar mais fielmente seus propósitos” (CIC, 924).

Todos os ministros ordenados da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes, normalmente são escolhidos entre os homens fiéis que vivem como celibatários e querem guardar o celibato “por causa do Reino dos Céus” (Mt 19,12). Chamados a consagrar-se com indiviso coração ao Senhor e a “cuidar das coisas do Senhor”, entregam-se inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta nova vida a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado; aceito com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus (CIC, 1579).


As pessoas casadas são convidadas a viver a castidade conjugal; os outros praticam a castidade na continência: Existem três formas da virtude da castidade: a primeira, dos esposos; a segunda, da viuvez; a terceira, da virgindade. Nós não louvamos uma delas excluindo as outras. Nisso a disciplina da Igreja é rica” (CIC, 2349).

“Os noivos [ou namorados] são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, urna aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus. Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade”. (CIC, 2350).

“As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes de autodomínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar, gradual e resolutamente, da perfeição cristã” (CIC, 2359).

A virtude da castidade desabrocha na amizade. Mostra ao discípulo como seguir e imitar Aquele que nos escolheu como seus próprios amigos, se doou totalmente a nós e nos faz Participar de sua condição divina. A castidade é promessa de imortalidade. A castidade se expressa principalmente na amizade ao próximo. Desenvolvida entre pessoas do mesmo sexo ou de sexos diferentes, a amizade representa um grande bem para todos e conduz à comunhão espiritual. (CIC, 2347).

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Falando sobre a castidade


A palavra castidade aparece 47 vezes no Catecismo da Igreja Católica, tida como “perfeição da caridade” (CIC, 915). A Igreja convida os jovens a se instruírem e se prepararem no cultivo da castidade como exercício preparatório para o amor conjugal (CIC, 1632).

A Bíblia enumera a castidade como um dos frutos do Espírito Santo (Gl 5, 22s), ou seja, “primícias da glória eterna” (CIC, 1832). Nos três Evangelhos sinópticos, o apelo de Jesus dirigido ao jovem rico, de segui-lo na obediência do discípulo e na observância dos preceitos, é relacionado com o convite à pobreza e à castidade (CIC, 2053).


Contudo, é nos parágrafos 2337 a 2359, quando aborda as ofensas à castidade, que o Catecismo explicita “a vocação à castidade”, a qual resumiremos a seguir.


O que é a castidade? O Catecismo responde:  é “a integração correta da sexualidade na pessoa” (CIC, 2337), portanto, não é a negação ou repressão da sexualidade e do sexo como algo impuro, sujo, essencialmente mal, mas a forma de vive-la de forma “verdadeiramente humana” (CIC, 2337). E como isso acontece? Quando a sexualidade se exprime em uma relação “de pessoa a pessoa, na doação mútua integral e temporalmente ilimitada do homem e da mulher” (CIC, 2337), em outras palavras, com a pessoa certa (o cônjuge), do jeito certo (a entrega mútua, recíproca, de livre e espontânea vontade), no momento certo (na vida conjugal) e na intensidade correta (ou seja, integral, não doou apenas meu corpo à minha esposa, mas também meu interior).


A pessoa casta se opõe a todo comportamento que venha ferir a castidade, não tolera nem a vida dupla nem a linguagem dúbia (CIC, 2338)


A castidade é uma virtude moral (CIC, 2345), assim como a justiça, a fortaleza, a temperança, isso significa que é adquirida humanamente, resultado de atitudes pessoais firmes, disposição, uso da inteligência, da vontade que regula os nossos atos, guiando nossas paixões segundo a fé e a razão (cf. CIC, 1804). Por isso, compreende-se que “a castidade representa uma tarefa eminentemente pessoal” (CIC, 2344): depende de meu esforço ser mais casto, de não me expor a situações que venham feri-la.


Com isso em mente, compreende-se que “a castidade comporta uma aprendizagem do domínio de si que é uma pedagogia da liberdade humana (CIC, 2339), o qual deve ser aprendido no lar cristão, através dos ensinamentos dos pais (cf. CIC, 2223). O "domínio" do mundo que Deus havia outorgado ao homem desde o início (cf. Gn 1,28) realizava-se, antes de tudo, no próprio homem como domínio de si mesmo (CIC, 377). A alternativa é clara ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz” (CIC, 2339).


O Catecismo reconhece que o “domínio de si mesmo é um trabalho a longo prazo. Nunca deve ser considerado definitivamente adquirido. Supõe um esforço a ser retomado em todas as idades da vida. O esforço necessário pode ser mais intenso em certas épocas, por exemplo, quando se forma a personalidade, durante a infância e a adolescência” (CIC, 2342), também em certos contextos culturais (cf. 2344) e estados de vida, como no período do noivado – poderíamos incluir aqui também o namoro (cf. CIC, 2350).


Mas, todo batizado é chamado a viver a castidade (cf. CIC, 2348) e tem a obrigação de “resistir às tentações empenhar-se-á em usar os meios: o conhecimento de si, a prática de uma ascese adaptada às situações em que se encontra, a obediência aos mandamentos divinos, a prática das virtudes morais e a fidelidade à oração” (CIC, 2340).


A virtude da castidade é comandada pela virtude cardeal da temperança, que tem em vista fazer depender da razão a paixões e os apetites da sensibilidade humana. (CIC, 2341). O que é a temperança? É a moderação, a sobriedade, é “a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade” (CIC, 1809). Não está relacionada apenas à sexualidade, mas também a toda espécie de excesso, o abuso da comida, do álcool, do fumo e dos medicamentos (cf. CIC, 2290).


O Catecismo lembra que “as virtudes humanas adquiridas pela educação, por atos deliberados e por uma perseverança sempre retomada com esforço são purificadas e elevadas pela graça divina” (CIC, 1810). Dessa forma, ressalta que também a castidade, apesar da exigência de esforço pessoal, é “também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo” (CIC, 2345). “Leva aquele que a pratica a tornar-se para o próximo uma testemunha da fidelidade e da ternura de Deus”. (CIC, 2346).


Diante de tudo isso, recordo as palavras de Jesus aos discípulos “sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15,5), então, peçamos a graça de ordenarmos a nossa sexualidade em sintonia com o Seu Coração Sagrado.