A palavra castidade aparece 47 vezes no
Catecismo da Igreja Católica, tida como “perfeição da caridade” (CIC, 915). A
Igreja convida os jovens a se instruírem e se prepararem no cultivo da
castidade como exercício preparatório para o amor conjugal (CIC, 1632).
A Bíblia enumera a castidade como um dos
frutos do Espírito Santo (Gl 5, 22s), ou seja, “primícias da glória eterna”
(CIC, 1832). Nos três Evangelhos sinópticos, o apelo de Jesus dirigido ao jovem
rico, de segui-lo na obediência do discípulo e na observância dos preceitos, é relacionado
com o convite à pobreza e à castidade (CIC, 2053).
Contudo, é nos parágrafos 2337 a 2359,
quando aborda as ofensas à castidade, que o Catecismo explicita “a vocação à
castidade”, a qual resumiremos a seguir.
O que é a castidade? O Catecismo responde:
é “a integração correta da sexualidade na pessoa” (CIC, 2337), portanto, não é a negação ou repressão da
sexualidade e do sexo como algo impuro, sujo, essencialmente mal, mas a forma
de vive-la de forma “verdadeiramente humana” (CIC, 2337). E como isso acontece?
Quando a sexualidade se exprime em uma relação “de pessoa a pessoa, na doação
mútua integral e temporalmente ilimitada do homem e da mulher” (CIC, 2337), em
outras palavras, com a pessoa certa (o cônjuge), do jeito certo (a entrega
mútua, recíproca, de livre e espontânea vontade), no momento certo (na vida
conjugal) e na intensidade correta (ou seja, integral, não doou apenas meu
corpo à minha esposa, mas também meu interior).
A pessoa casta se opõe a todo
comportamento que venha ferir a castidade, não tolera nem a vida dupla nem a
linguagem dúbia (CIC, 2338)
A castidade é uma virtude moral (CIC, 2345), assim
como a justiça, a fortaleza, a temperança, isso significa que é adquirida
humanamente, resultado de atitudes pessoais firmes, disposição, uso da
inteligência, da vontade que regula os nossos atos, guiando nossas paixões
segundo a fé e a razão (cf. CIC, 1804). Por isso, compreende-se que “a
castidade representa uma tarefa eminentemente pessoal” (CIC, 2344): depende de
meu esforço ser mais casto, de não me expor a situações que venham feri-la.
Com isso em mente,
compreende-se que “a castidade comporta uma aprendizagem do domínio de si que é uma pedagogia da liberdade humana
(CIC, 2339), o qual deve ser aprendido no lar cristão, através dos ensinamentos
dos pais (cf. CIC, 2223). O "domínio" do mundo que Deus havia
outorgado ao homem desde o início (cf. Gn 1,28) realizava-se, antes de tudo, no
próprio homem como domínio de si mesmo (CIC, 377). A alternativa é clara ou o
homem comanda suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se
torna infeliz” (CIC, 2339).
O Catecismo reconhece que o “domínio
de si mesmo é um trabalho a longo prazo. Nunca deve ser considerado definitivamente
adquirido. Supõe um esforço a ser retomado em todas as idades da vida. O
esforço necessário pode ser mais intenso em certas épocas, por exemplo, quando
se forma a personalidade, durante a infância e a adolescência” (CIC, 2342), também
em certos contextos culturais (cf. 2344) e estados de vida, como no período do
noivado – poderíamos incluir aqui também o namoro (cf. CIC, 2350).
Mas, todo batizado é chamado a
viver a castidade (cf. CIC, 2348) e tem a obrigação de “resistir às tentações
empenhar-se-á em usar os meios: o conhecimento de si, a prática de uma ascese
adaptada às situações em que se encontra, a obediência aos mandamentos divinos,
a prática das virtudes morais e a fidelidade à oração” (CIC, 2340).
A virtude da castidade é comandada pela virtude cardeal da
temperança, que tem em vista fazer depender da razão a paixões e os apetites
da sensibilidade humana. (CIC, 2341). O que é a temperança? É a moderação, a
sobriedade, é “a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio
no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e
mantém os desejos dentro dos limites da honestidade” (CIC, 1809). Não está
relacionada apenas à sexualidade, mas também a toda espécie de excesso, o abuso
da comida, do álcool, do fumo e dos medicamentos (cf. CIC, 2290).
O Catecismo lembra que “as virtudes
humanas adquiridas pela educação, por atos deliberados e por uma perseverança
sempre retomada com esforço são purificadas e elevadas pela graça divina” (CIC,
1810). Dessa forma, ressalta que também a castidade, apesar da exigência de
esforço pessoal, é “também um dom de
Deus, uma graça, um fruto da obra
espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo
àquele que foi regenerado pela água do Batismo” (CIC, 2345). “Leva aquele que a pratica a tornar-se para
o próximo uma testemunha da fidelidade e da ternura de Deus”. (CIC, 2346).
Diante de tudo isso, recordo
as palavras de Jesus aos discípulos “sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo
15,5), então, peçamos a graça de ordenarmos a nossa sexualidade em sintonia com
o Seu Coração Sagrado.
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