quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Falando sobre a castidade


A palavra castidade aparece 47 vezes no Catecismo da Igreja Católica, tida como “perfeição da caridade” (CIC, 915). A Igreja convida os jovens a se instruírem e se prepararem no cultivo da castidade como exercício preparatório para o amor conjugal (CIC, 1632).

A Bíblia enumera a castidade como um dos frutos do Espírito Santo (Gl 5, 22s), ou seja, “primícias da glória eterna” (CIC, 1832). Nos três Evangelhos sinópticos, o apelo de Jesus dirigido ao jovem rico, de segui-lo na obediência do discípulo e na observância dos preceitos, é relacionado com o convite à pobreza e à castidade (CIC, 2053).


Contudo, é nos parágrafos 2337 a 2359, quando aborda as ofensas à castidade, que o Catecismo explicita “a vocação à castidade”, a qual resumiremos a seguir.


O que é a castidade? O Catecismo responde:  é “a integração correta da sexualidade na pessoa” (CIC, 2337), portanto, não é a negação ou repressão da sexualidade e do sexo como algo impuro, sujo, essencialmente mal, mas a forma de vive-la de forma “verdadeiramente humana” (CIC, 2337). E como isso acontece? Quando a sexualidade se exprime em uma relação “de pessoa a pessoa, na doação mútua integral e temporalmente ilimitada do homem e da mulher” (CIC, 2337), em outras palavras, com a pessoa certa (o cônjuge), do jeito certo (a entrega mútua, recíproca, de livre e espontânea vontade), no momento certo (na vida conjugal) e na intensidade correta (ou seja, integral, não doou apenas meu corpo à minha esposa, mas também meu interior).


A pessoa casta se opõe a todo comportamento que venha ferir a castidade, não tolera nem a vida dupla nem a linguagem dúbia (CIC, 2338)


A castidade é uma virtude moral (CIC, 2345), assim como a justiça, a fortaleza, a temperança, isso significa que é adquirida humanamente, resultado de atitudes pessoais firmes, disposição, uso da inteligência, da vontade que regula os nossos atos, guiando nossas paixões segundo a fé e a razão (cf. CIC, 1804). Por isso, compreende-se que “a castidade representa uma tarefa eminentemente pessoal” (CIC, 2344): depende de meu esforço ser mais casto, de não me expor a situações que venham feri-la.


Com isso em mente, compreende-se que “a castidade comporta uma aprendizagem do domínio de si que é uma pedagogia da liberdade humana (CIC, 2339), o qual deve ser aprendido no lar cristão, através dos ensinamentos dos pais (cf. CIC, 2223). O "domínio" do mundo que Deus havia outorgado ao homem desde o início (cf. Gn 1,28) realizava-se, antes de tudo, no próprio homem como domínio de si mesmo (CIC, 377). A alternativa é clara ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz” (CIC, 2339).


O Catecismo reconhece que o “domínio de si mesmo é um trabalho a longo prazo. Nunca deve ser considerado definitivamente adquirido. Supõe um esforço a ser retomado em todas as idades da vida. O esforço necessário pode ser mais intenso em certas épocas, por exemplo, quando se forma a personalidade, durante a infância e a adolescência” (CIC, 2342), também em certos contextos culturais (cf. 2344) e estados de vida, como no período do noivado – poderíamos incluir aqui também o namoro (cf. CIC, 2350).


Mas, todo batizado é chamado a viver a castidade (cf. CIC, 2348) e tem a obrigação de “resistir às tentações empenhar-se-á em usar os meios: o conhecimento de si, a prática de uma ascese adaptada às situações em que se encontra, a obediência aos mandamentos divinos, a prática das virtudes morais e a fidelidade à oração” (CIC, 2340).


A virtude da castidade é comandada pela virtude cardeal da temperança, que tem em vista fazer depender da razão a paixões e os apetites da sensibilidade humana. (CIC, 2341). O que é a temperança? É a moderação, a sobriedade, é “a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade” (CIC, 1809). Não está relacionada apenas à sexualidade, mas também a toda espécie de excesso, o abuso da comida, do álcool, do fumo e dos medicamentos (cf. CIC, 2290).


O Catecismo lembra que “as virtudes humanas adquiridas pela educação, por atos deliberados e por uma perseverança sempre retomada com esforço são purificadas e elevadas pela graça divina” (CIC, 1810). Dessa forma, ressalta que também a castidade, apesar da exigência de esforço pessoal, é “também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo” (CIC, 2345). “Leva aquele que a pratica a tornar-se para o próximo uma testemunha da fidelidade e da ternura de Deus”. (CIC, 2346).


Diante de tudo isso, recordo as palavras de Jesus aos discípulos “sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15,5), então, peçamos a graça de ordenarmos a nossa sexualidade em sintonia com o Seu Coração Sagrado.

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