segunda-feira, 14 de março de 2016

Como nossa infância pode influenciar nossos relacionamentos

"Cada um de nós constrói a própria personalidade em família, crescendo com a mãe e o pai, com os irmãos e as irmãs, respirando o calor da casa. A família é o lugar onde recebemos o nome, o lugar dos afetos, o espaço da intimidade, onde se aprende a arte do diálogo e da comunicação interpessoal. Na família, a pessoa toma consciência da própria dignidade" (Papa Francisco, 25/10/13).

Da mensagem do Papa, percebemos a importância da família (e da infância) na formação da pessoa: é na infância que se aprende as primeiras nossos de certo e errado, as primeiras noções de fé (a chamada "Igreja Doméstica"), é aí que se forma nosso caráter, nossa personalidade, nossa autoestima, a educação para o amor, a vida e o respeito. Sobretudo, a forma como nos relacionamos com as outras pessoas, inclusive com nosso(a) namorado(a), noivo(a) ou esposo(a).


No campo das ciências psicológicas, há muitas pesquisas que mostram como "padrões de comportamento" adquiridos na infância influenciam na vida adulta. Um segundo estudo utilizando fotos de infância de pessoas acima dos 65 anos encontrou um elo parecido entre aqueles com os maiores sorrisos nas fotos de infância, 11% se divorciaram mais tarde, comparado com 31% dos que menos sorriam.

O famoso teste do marshmallow, realizados no final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970 na Universidade de Stanford, consistia em oferecer a crianças uma pequena recompensa (marshmallow, cookie ou um pretzel etc.) entregue imediatamente ou duas pequenas recompensas se ela esperasse até o retorno do pesquisador (depois de uma ausência de aproximadamente 15 minutos). Anos depois, descobriu-se que as crianças que conseguiram atrasar a recompensa, durante seu crescimento, mostraram-se adolescentes mais competentes tanto cognitivo quanto socialmente, alcançaram maior desempenho escolar e evidenciaram lidar melhor com a frustração e o estresse. Também, observou-se que mais tarde, estas crianças foram mais bem sucedidas na escola, nas suas carreiras, nos seus casamentos e na vida.

O fato é que muito da nossa forma de nos relacionarmos com o mundo e com as pessoas, devemos à infância, especialmente, àquilo que vimos, ouvimos ou sentimos de nossos pais e ou responsáveis.

Sabe-se que crianças que foram muito cobradas, quando crianças e exigido delas serem "modelos" ou "adultos precoces" têm uma tendência a se tornarem adultos perfeccionistas, exigentes, às vezes, até excessivamente moralizantes.

Por outro lado, quando a criança sente-se que só ganha amor se fizer isso, isto ou aquilo, pode crescer aprendendo que só será amada caso se comporte de determinada maneira. Pode gerar a tendência de se relacionar apenas com pessoas que necessitam ser ajudadas e, quem sabe, só entenderam esse tipo de linguagem de amor!

Infância muito sofrida, repleta de abandonos (reais ou imaginários) pode trazer como consequência um adormecimento em relação ao mundo e aos outros, tendência à solidão ou a fantasiar a realidade para evitar encará-la. Por outro lado, crianças que desde cedo foram estimuladas à sociabilidade tendem a ser mais autoconfiantes e flexíveis.

Se quando criança seus pais não deixavam você tomar decisões, você pode ter se tornado um adulto dependente física ou emocionalmente de uma outra pessoa. Isto poderá resultar num procura de relações em que o companheiro tenho todo o poder e controle.

Se você teve pais muito controladores, você pode ter se tornado um adulto teimoso. Teimosia é um mecanismo de defesa que as crianças adotam para escapar da vontade de seus superprotetores. Quando crescerem, elas provavelmente carregarão esse comportamento para a fase adulta.

Claro que existem muitas outras influências da infância em nossos relacionamentos atuais - algumas das quais abordaremos em outros post - mas, o importante, principalmente, nos relacionamentos amorosos (namoro, noivado e casamento) que o casal converse sobre a infância: o que você viveu? Como você se sentia? Qual a qualidade do relacionamento que você tinha com seus familiares? Amigos? Professores? Isso ajuda a entender muitas coisas sobre nossa vida atual.

Namoro é tempo de diálogos profundos sobre a história e a alma do outro, para depois, nenhum dos dois dizer ter si enganado...

Por fim, um lembrete importante, nossa infância apenas influencia nossa vida, não determina! Hábitos ruins adquiridos na infância, mesmo os traumas, medos, limitações etc. podem ser modificados, seja pelo esforço pessoal, por ajuda profissional adequada e, não nos esqueçamos, da graça de Deus!

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