A teologia católica ensina que a origem de todos os males humanos encontra sua raiz nos chamados "pecados capitais": soberba, avareza, luxúria, inveja, gula, ira e preguiça. Eles interferem, inclusive, no namoro cristão.
Esse é o quarto texto de uma série de reflexões sobre estes pecados para ajudar cada um a lidar melhor com seus limites e melhorar seu relacionamento e sua vida. Já abordamos a soberba, a avareza e a luxúria, falemos, agora, da inveja.
Inveja pode ser entendida pelo prazer que se sente com a desgraça alheia, no fundo, pode significar o desejo de ter a vida do outro e como isso não é possível torço pelo seu fracasso e me entristeço com seu sucesso - como se a felicidade dele perturbasse a minha.
O livro da Sabedoria (Sb 2,24) ensina o poder destrutivo da inveja ao afirmar que
"Pela inveja do diabo a morte entrou no mundo"
Santo Agostinho dizia que
"A inveja é o pecado diabólico por excelência”
E se referia a ela como "o caruncho da alma que tudo rói e reduz a pó".
O distintivo essencial da inveja é a falta de caridade, o amor não é invejoso - ensina São Paulo (1Cor 13,5).
Ciúme é uma face da inveja. Não se alegra com os reveses e dissabores alheios. Mas tem o receio exacerbado de perder o bem que possui, e cobiça violentamente o bem dos outros, podendo chegar a prejudica-lo, física ou moralmente, através de fofocas, intrigas, calúnias, rivalidades etc.
Os invejosos podem ser pessoas inseguras, com baixa autoestima, ingratas e interesseiras, capazes de qualquer coisa para atingirem seus objetivos.
A pessoa invejosa, geralmente, tem dificuldade de admirar o outro, sofre do sentimento de injustiça. Muitas vezes, ela também é companheira das pessoas inseguras, fracassadas ou revoltadas, que, não conseguindo o sucesso das outras, ficam corroídas de inveja e desejando-lhes o mal. E muitas vezes, esse sentimento está tão entranhado na pessoa que ela mesma não sabe ou não consegue perceber que possui sentimentos de inveja em relação a outras pessoas.
A inveja destrói o namoro não pelo "olho gordo" ou por atrair "coisas negativas" sobre si (isso é superstição!), mas porque o invejoso, é um insatisfeito crônico: quer ter uma vida que não é a sua (é a das revistas, das novelas, dos filmes, é a vida de pessoas próximas...), não saber agradecer pelos seus dons, nem pelas coisas boas que tem e corre o risco de "usar" as pessoas como meio para obter o que ele quer. Como ensina o papa Francisco, o outro é um dom de Deus e aos dons de Deus é necessário dizer "muito obrigado".
Outra coisa que dificulta o relacionamento com uma pessoa invejosa é que ela sempre estará comparando o seu namoro com o de outra pessoa e, geralmente, as comparações se fazem de forma pejorativa para com o parceiro: "você num serve pra nada! Não vê fulano? Isso é que é um namorado..."
A falta de gratidão, de admiração e de elogios sinceros vão minando a relação a ponto de torna-la insustentável, podendo culminar no rompimento traumático.
E que remédios pode se usar para combater a inveja?
Rezar e meditar sobre o fato de que "Deus não faz distinção entre as pessoas" (Rm 2,11), todos os homens tem igual natureza e igual destino. Não são irmãos em Cristo todos os católicos? E não são todos eles membros da mesma sociedade que é a Igreja?
Peçamos ao Senhor que Ele nos faça enxergar a nossa própria riqueza, que infunda amor sincero pelo próximo e nos dê a capacidade de reconhecer as consequências devastadora que a inveja pode causar na minha vida e na dos outros e a humildade para me alegrar com as conquistas dos outros.
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