sábado, 24 de junho de 2017

Para lidar com o ciúme

Ciúme pode ser definido como um sentimento de posse ameaçado pelo medo da perda do objeto amado.

Existem três elementos comuns em todo sentimento de ciúme:
  • Uma reação frente a uma ameaça percebida;
  • Um rival (real ou imaginário);
  • Reação visa eliminar os riscos da perda do objeto amado.
É preciso entender que ter ciúmes pode ser algo bem normal, mas em excesso pode se tornar doença. O que distingue um do outro?
  • CIÚME NORMAL: Transitório, Específico, Baseado no real, Sentimento de preservar
  • CIÚME PATOLÓGICO: Sentimentos conturbados, Reações desproporcionais, Infundado, Sentimento de ameaça de perda, Existe um sofrimento, Caráter obsessivo, Dependendo da qualidade da autoestima, O enciumado não somente questiona o amor do outro, Desejo de controle total.


Algumas pessoas pensam que o ciúme é prova de amor, mas as duas coisas são bem diferentes. Vejamos o que São Paulo (1Cor 13) diz acerca do amor (aqui se referindo ao amor caritativo, mas que podemos aplicar ao amor entre homem e mulher:

4 O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho.
5 Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor.
6 Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade.
7 Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Note como é diferente as características do amor para a do ciúme patológico:
Enquanto o amor espera, o ciumento é impaciente; enquanto o amor nada faz de inconveniente; o ciumento é inconveniente; o altruísmo do amor contrasta com o egoísmo do ciúme; enquanto o amor tudo sofre, o ciúme tudo faz sofrer; enquanto o amor se alegra com a verdade e tudo crê, o ciumento desconfia de tudo...

O ciúme é diferente da inveja...
  • O invejoso sente um profundo desgosto por não possuir aquilo que gostaria de ter e que o outro possui.
  • O ciumento teme perder aquilo que julga ser de sua posse exclusiva.
  • O ciúme tem por objeto os afetos e os sentimentos das pessoas;
  • A inveja se constrói pela posse das coisas, atributos, posição e poder
Não se sabe ao certo a origem do Ciúme, o mais provável é que tenha múltiplas causas, podendo ser um sentimento aprendido durante a infância despertado por muitas perdas, censuras, rivalidade, Complexo de inferioridade e baixa autoestima.

Como lidar com uma pessoa ciumenta?
  • Diálogo franco
  • Separação temporária
  • Firmeza nos princípios e convicções
  • Evitar qualquer tipo de ameaça e revide
Como lidar com o seu próprio ciúme?
  • Admitir o sentimento
  • Buscar ajuda profissional
  • Medidas preventivas
  • Autoanálise
  • Auxílio espiritual

quinta-feira, 22 de junho de 2017

O que é um namoro casto?

O Catecismos (CIC, 2350) ensina como deve ser o noivado e o namoro cristão:
  • Os noivos são chamados a viver a castidade na continência.
  • Eles farão, neste tempo de prova, a descoberta do respeito mútuo, a aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem um ao outro de Deus.
  • Reservarão para o tempo do matrimónio as manifestações de ternura específicas do amor conjugal.
  • Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade

O que é castidade?

Ensina o YouCat: “É uma virtude com que uma pessoa apta para a paixão reserva o seu desejo erótico para o amor consciente e decididamente, resistindo à tentação de se perder na satisfação voluptuosa dos elementos sexuais. A castidade não deve ser confundida com beatice. Uma pessoa que vive castamente não é um joguete dos seus desejos, mas vive conscientemente a sua sexualidade pelo e como expressão do amor. A falta de castidade enfraquece o amor e obscurece seu sentido”
A Igreja Católica defende o princípio “ecológico”, isto é, totalizante da sexualidade: primeiro, contém o desejo sexual, que é algo bom e belo; segundo, o amor pessoal; terceiro a vitalidade, ou seja a abertura aos filhos... Três aspectos indissociáveis”  (YouCat, 404).

Mais ensinamentos da Igreja sobre a Castidade...
  • A Castidade é um fruto do Espírito Santo (Gl 5,22s)
  • É um chamado de Deus (CIC, 2348)
  • Um dom de Deus, uma graça (CIC, 2345)
  • “Guarda do amor autêntico” (Papa João Paulo II)
  • “Garantia segura do amor genuíno” (Papa Bento XVI)
  • É uma virtude moral (CIC, 2345), guiada pelo domínio de si e a temperança

O que é um Amor Casto?

“Um amor casto é um amor que se defende contra todas as forças internas e externas que o procuram destruir. É casta aquela pessoa que assumiu conscientemente a sua sexualidade e a integrou bem na sua personalidade” (YouCat, 404)

“Castidade e continência não são o mesmo. Até uma pessoa que tem uma vida sexual ativa no matrimônio deve ser casta; ela comporta-se castamente quando a sua atividade corporal é expressão de um amor sério e fiel” (YouCat, 404)

Ofensas à castidade

O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica resume a questão acerca das ofensas à castidade da seguinte forma: “São pecados gravemente contrários à castidade, cada um segundo a natureza do objeto: o adultério, a masturbação, a fornicação, a pornografia, a prostituição, o estupro, os atos homossexuais. Estes pecados são expressões do vício da luxúria (...)” (Compêndio, 492)

Como viver um namoro casto?

Também o Compêndio nos ensina que“São numerosos os meios à disposição: a graça de Deus, a ajuda dos sacramentos, a oração, o conhecimento de si, a prática duma ascese adaptada às situações, o exercício das virtudes, em particular da temperança, que procura fazer com que as paixões sejam guiadas pela razão” (Compêndio, 490)

terça-feira, 20 de junho de 2017

Corpo: ícone ou ídolo?

Vejamos primeiro a origem da palavra ícone.

A primeira vez que aparece na Bíblia é na famosa passagem em que Deus cria o homem:

“Façamos o homem e a mulher à nossa imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,27)


Isso quer dizer que se olharmos para o homem, se olharmos para a mulher, neles tem algo que fala de Deus; se olharmos para Deus tem algo que fala do homem. Uma pergunta importante é: que imagem de Deus você tem sido para a sua pessoa amada?

Voltemos ao texto bíblico, no hebraico, usa-se a palavra "Tselem" que significa "imagem, figura, reprodução, estátua, escultura" - o sentido do homem criado à imagem de Deus se enriquece em Gn 2,7, quando Deus esculpe o homem do barro.

No texto grego, traduziu-se "tselem" por Eikona (= Imagem, réplica, cópia), de onde vem a palavra "ícone".

O Catecismo nos ensina que "por meio de seus ícones, revela-se à nossa fé o homem criado “à imagem de Deus” e transfigurado “à sua semelhança” (CIC, 1161).

São João Damasceno, em meio a disputa com os iconoclastas, dizia que “A beleza e a cor das imagens estimulam minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus.”

Analogamente, podemos dizer que o corpo enquanto ícone, nos ajuda a rezar, a alcançar a Deus. O corpo do outro, pode nos elevar ao céus, pensemos nas relíquias de santos, nos santos incorruptos, nas chagas dos santos... ao contempá-las, vejo um vislumbre de uma realidade maior...

No YouCat é um trecho que nos diz o mesmo acerca do namoro:

“Quem observa um casal de namorados olhando-se carinhosamente... fica com uma ideia, ainda que aproximada, do que é Céu. Pode ver Deus face a face, é como um instante de amor, único e infindável”
(Youcat, 158).

Mas há também o ídolo...

Deus proíbe a confecção de ídolos: “Portanto, não se pervertam, fazendo para vocês imagem esculpida em forma de ídolo: imagem de homem ou de mulher” (Dt 4,16). Na Bíblia hebraica, usa-se o termo "Pesel" (=Estátua, imagem, efígie, ídolo) que no grego foi traduzido por "Eidolon" (= Imagem, simulacro, ídolo).

A idolatria, ensina o Catecismo, não diz respeito somente aos falsos cultos do paganismo. Ela é uma tentação constante da fé. Consiste em divinizar o que não é Deus. Existe idolatria quando o homem presta honra e veneração a uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demônios (por exemplo, o satanismo), do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro etc. (...) A idolatria nega o senhorio exclusivo de Deus; é, portanto, incompatível com a comunhão divina. (CIC, 2113).

Perceba, portano que tanto o ídolo quanto o ícone são imagens. Acontece que o ídolo me prende à terra, à horizontalidade do aqui e agora. Ele é um simulacro, uma falsificação da realidade. Já o ícone me remete ao céu, ao transcendente, é uma janela aberta para o divino.

"O corpo de cada um de nós é ressonância de eternidade, então deve ser sempre respeitado; e, sobretudo; deve ser respeitada e amada a vida de quantos sofrem, para que sintam a proximidade do Reino de Deus, daquela condição de vida eterna para a qual caminhamos" (Papa Francisco 04/12/13)