quinta-feira, 9 de julho de 2015

Obstáculos ao amor conjugal

Muitos são os obstáculos à vivência cotidiana do amor conjugal. Vamos analisar essas dificuldades, lembrando que a beleza do casamento está justamente no fato de o casal conseguir fazer vencer o amor sobre as diferenças pessoais de cada um. O amor, quando vence, soma as divergências e gera a complementação harmoniosa.
 
 
Quais os problemas que quebram a unidade do casal?
 
1. MENTIRA – Por menor que seja, ela gera a desconfiança para com o outro a falta de confiança, é lógico, gera o ciúme; e este, a briga. Por isso, o casal não pode permitir a mentira em seu meio. Cuidado, porque ela tem pernas curtas.
 
2. MODA – Todos gostam de andar na moda. Contudo, não tem sentido, por exemplo, a esposa querer seguir a moda que seu esposo desaprova, e vice-versa. A primeira pessoa a quem devo agradar com o meu modo de vestir, falar, etc., é aquela com quem eu estou casado. Não tem sentido agradar aos outros e desagradar o marido (ou à esposa).
 
3. COMPARAÇÕES – É comum o péssimo hábito que alguns casais têm de ficar se comparando com outros casais. A esposa, muitas vezes, fica querendo que seu marido seja como o marido da vizinha, que compre uma casa como a da vizinha, um carro como o da amiga, etc. O marido, por sua vez, gostaria que sua esposa se vestisse como a vizinha, ou fosse culta como a esposa de seu amigo, etc.

Cada qual é um casal, único e diferente dos demais. Por isso, as comparações não têm sentido. É lógico que devemos aprender as coisas boas dos outros, mas sem perder a própria originalidade. Muitas vezes, o casal faz o que não pode, gasta o que não tem, só para ser como os outros.

Cada cônjuge tem que aceitar o outro como ele é; reconhecer e aceitar suas qualidades e defeitos; a partir daí, ajudar o outro a crescer, respeitando a sua própria individualidade e o seu processo de evolução. Não adianta ficar sonhando com alguém perfeito, não somos casados com anjos, somos casados com seres humanos.

4. PARENTES – O sangue fala muito forte dentro de nós. Ninguém gosta de ouvir falar mal de seus pais e de seus irmãos. Isso vale também, e muito, para o casal. Jamais o marido deve falar mal dos sogros e cunhados para a esposa, e vice-versa. Não ofenda os parentes dele porque você estará ofendendo a ele, indiretamente. É preciso saber preservar a família do outro. Quando o marido critica a sogra para a esposa, esta fica entre a cruz e a espada, sem saber como agir, já que ama os dois. Cuidado com a força do sangue!
 
5. RESENTIMENTOS – Quando se tira a casca de uma ferida, ela volta a sangrar e a doer. Isso é o que alguns cônjuges fazem um com o outro. Muitas vezes, num momento de desentendimento, lembranças e ofensas antigas são propositalmente trazidas à tona, reavivando mágoas e sofrimentos adormecidos. Esse tipo de comportamento vingativo e desleal é altamente destruidor para o casal, uma vez que alimenta o ódio e a vingança que são venenosos para o amor.

6. DESRESPEITO – Como é doloroso você presenciar um marido ofendendo sua esposa com gritos, palavrões, ofensas e até tapas!... Como é triste a esposa ofender o marido!... Um dia eles juraram amor eterno aos pés do altar! Veja bem, eu me caso com aquela pessoa que escolhi entre todos que conheci, para com ela construir uma vida a dois. Como é então que agora eu fico ofendendo e desrespeitando esta pessoa? Não tem o menor sentido. O respeito ao outro é fundamental. Devemos nos proibir de ofender o outro com pensamentos, palavras e gestos, sobre pena de quebrarmos a vida conjugal. (...)
 

7. BRIGAS – O casal muitas vezes se desentende porque não combina certas coisas com clareza e objetividade. Alguém já disse que “o que é combinado não é caro”. Muitas discussões surgem porque as coisas não são bem definidas. Sobre cada decisão a ser tomada pelo casal, é preciso que haja acordo mútuo e compromisso de cumprir o estabelecido. Por exemplo, às vezes o casal briga porque o marido quer sair, passear, e a festas, e a esposa não gosta ou não quer ir. Ou então, a esposa quer almoçar fora e o marido não quer ir para não gastar. E assim por diante... Como resolver esses problemas frequentes? É preciso dialogar e decidir caso a caso. Nem tudo ao mar nem tudo à terra. Nem apenas satisfazer a vontade de um, nem apenas do outro. Nos casos acima, por exemplo, o casal poderia estipular quantas vezes por mês ou por ano irá jantar fora ou passear, e deixar tudo bem combinado para ser cumprido por ambos. O improviso e as indefinições é que gera as brigas.
(...)

8. DINHEIRO – São Paulo disse a Timóteo que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tm 6,10), e São Francisco de Assis o chamava de “esterco do diabo”.
 
De fato, é muito fácil o homem se tornar escravo do dinheiro e complicar todas as coisas. Dizem os entendidos em casamento que o casal briga mais quando sobra dinheiro do que quando este falta. Quando sobra dinheiro, o casal se desentende sobre a forma de gastá-lo. Às vezes o marido quer trocar o carro, quando a esposa quer trocar os moveis... e assim por diante. Se não houver maturidade do casal, o dinheiro pode dividi-lo de muitas maneiras. Todo o dinheiro do casal, independente de quem ganha, deve ser colocado em comum, ambos opinando e decidindo sobre o seu uso. Além disso é preciso todo cuidado para que um deles não se torne escravo do dinheiro a ganhar, ficando sem tempo para o outro e para os filhos. Seria uma lástima! Há casais em que a esposa não sabe quanto ganha o marido. E há mulheres que “roubam” dinheiro do marido. Aí não há casamento!

9. EDUCAÇÃO DOS FILHOS – Este ponto também é de grande importância para o casal. O essencial é que o casal seja unânime na educação, isto é, ambos devem agir da mesma forma, sem contradizerem naquilo que dizem e fazem com os filhos. Para isso, é preciso que o casal seja unido e dialogue muito, de modo a encontrar a forma comum de conduzir os filhos. Caso contrário, os próprios filhos podem aumentar as divergências entre o casal, fazendo ampliar as brechas existentes no relacionamento dos dois. Especialmente os filhos adolescentes poderão, nessa idade delicada, jogar um contra o outro, se o casal não for bastante maduro e unido. O casal precisa buscar a unanimidade em seus valores morais, religiosos e humanos para transmiti-los, sem divergências, aos filhos.
 
10. TEMPERAMENTO – Muito se fala em fracasso de um casamento por “incompatibilidade de gênios”. Em primeiro lugar, se a diversidade de temperamentos existe entre ambos, ela poderia ter sido identificada no namoro e no noivado e evitando o casamento.
 
Na maioria dos casais, os cônjuges têm temperamentos diferentes, e é exatamente a harmonização dessa diferença, forjada pelo amor vivido a cada dia, que faz a beleza da vida a dois. Não há temperamento forte ou difícil que não possa ser curvado ao fogo do verdadeiro amor. E se isso não ocorrer, é porque o amor não é ainda suficientemente intenso. O amor é mais forte do que a morte e dobra qualquer temperamento impetuoso. Ainda que os temperamentos sejam adversos, o casal poderá ser muito feliz se a sua maturidade superar as diferenças pessoais. É preciso que o casal saiba valorizar aquilo que tem realmente valor em sua vida, para não permitir que meras e coisinhas insignificantes perturbem o seu caminhar, comprometendo a construção do projeto de vida a dois.
 
Construir um casamento, uma família, um lar, é como realizar uma grande obra. O projeto deve ser desenvolvido dia após dia, olhando-se sempre para o objetivo final a ser atingido, para que não surja o desânimo no meio do caminho.
 
Quem não sabe aonde quer chegar não tem forças para caminhar, e isso ocorre com muitos casais. Quando se está decidido a chegar ao topo da montanha, não se desiste de subi-la. Para se edificar a própria família é preciso maturidade; e essa só cresce quando se sabe renunciar a si mesmo. Se o gênio impetuoso perturbar o seu casamento, domine-o, para que ele não destrua a sua felicidade conjugal. Um grande homem não é aquele que domina os outros; é aquele que domina a si mesmo.
 
11. INDELICADEZA E REPROVAÇÃO – A falta de delicadeza e atenção é um dos pontos tristes no relacionamento de alguns casais. Um tratamento frio e desatencioso revela falta de amor e de união. É fundamental que cada um incentive o outro a ser melhor e faça elogios na hora certa. É preciso notar o esforço que um faz para agradar ao outro. Quantas mulheres se queixam de que o marido não nota e não elogia o seu penteado diferente, o seu vestido novo, etc.! São detalhes que se tornam fundamentais, principalmente para as mulheres. A ingratidão e a indiferença doem profundamente. Às vezes, um se esforça para agradar ao outro fazendo um sacrifício para contentá-lo e, no entanto, percebe que seu esforço não foi nem observado.
 
Pior ainda que a falta de atenção é a reprovação. Muitas vezes, um diminui e humilha o outro com criticas pesadas. O pior de tudo é que essas reprovações, não raramente, são feitas na presença de outras pessoas. Se a conduta de sua esposa lhe desagrada, você deve falar apenas com ela sobre isso, ou, confidencialmente, com alguém de sua confiança e que os possa ajudar. A intimidade dos cônjuges pertence apenas a eles, e, portanto, só de comum acordo pode ser revelada a terceiros. É comum ver a sogra se indispor com o genro por causa das coisas que a filha lhe contou sobre ele.
 
É preciso trocar as atitudes de reprovação por palavras de aprovação e incentivo. Uma vez um marido disse muito orgulhoso: “Eu nunca bati nela em todos estes anos em que estamos casados”. Um pouco sem jeito, ela completou: “É verdade, mas eu preferia até que você me tivesse batido em vez de receber tanta desaprovação e indiferença de sua parte”.
 
A desaprovação e a critica ácida são piores do que a agressão física. Muitos têm o hábito de notar apenas aquilo que o outro tem de negativo, ao invés de enaltecer e agradecer a Deus pelo que o outro tem de bom. Nunca faça uma critica a sua esposa, sem antes lhe relembrar uma de suas qualidades. Lembre-se: as pessoas reagem melhor ao elogio do que à reprovação.
 
Duas palavras de ouro no casamento são: “Desculpe-me”; “Eu te amo”. Se soubéssemos pedir perdão e também perdoar, seríamos felizes. Além disso, é preciso também expressar em palavras o amor do outro. E como isso é difícil para muitos! Especialmente para os maridos. Como conheci uma moça que desejava muito ouvir de seu esposo: “Eu te amo”. Em vez disso, ele se limitava a dizer que tudo o que ele fazia era para o bem dela e da família. Mas isso não lhe bastava, embora fosse verdade. Ela queria ouvir dele: “Eu te amo!” São palavras mágicas para o coração da mulher.
 
12. APARÊNCIA FÍSICA – Uma das razões que esfriam o relacionamento do casal é a maneira desleixada de cuidar da própria aparência. Nenhum marido gosta de chegar em casa e encontrar sua esposa mal vestida, despenteada, etc. A má aparência dificulta o relacionamento. Há mulheres que cuidam muito bem da casa, dos filhos, mas esquecem-se de si mesma; vive desarrumadas. Há o esposo que também não busca agradar à esposa através do cuidado com sua própria apresentação. Ou, por exemplo, aquele que deixa de faze a barba nos dias em que não trabalha, como se a esposa não gostasse de tê-lo em casa bem aparentado. Infelizmente, muitas vezes nós nos arrumamos bem para estar com as outras pessoas, e somos relaxados quando estamos com a esposa ou com o marido. É preciso valorizar a pessoa dele ou dela, dedicando-lhe atenção e carinho especial constantemente. Isso é mais importante do que cuidar da casa, das roupas, do carro, da bicicleta, etc.
 
13. RECLAMAÇÃO E AUTOPIEDADE – Muitas pessoas são exageradamente ranzinzas, reclama de tudo e de todos, nunca está satisfeito com a vida. Na verdade, o problema está dentro dela e não fora. São pessoas cheias de autopiedade, autoestima, que se consideram vítimas de tudo. No casamento, isso é uma tragédia. Ninguém suporta viver com uma pessoa chata, sempre a reclamar. Tal comportamento azeda qualquer relação impede o crescimento do casal.
 
A maioria das pessoas tem um péssimo costume de descarregar sobre os outros os seus problemas e nervosismo. É comum observar maridos, e também esposas que chegam do trabalho trazendo os seus problemas e descarregam em cima do outro e dos filhos um má de lamentações e reclamações, como se fossem os culpados de tudo – e eles, que não têm culpa alguma, são usados apenas como bode expiatório. É preciso atenção para não cair nesse triste erro. Muitas vezes tratamos os colegas do trabalho e da rua com toda gentileza; no entanto, em casa somos grosseiros e violentos com os nossos familiares. Isso é uma grande injustiça e um grande mal para a família e para o casal. É preciso ter calma e paciência para solucionar todos os problemas do dia-a-dia, sem culpar as pessoas e sem criar um clima de guerra, medo, pânico e desânimo dentro do lar.
 
Ao invés de ficarmos reclamando das coisas e das pessoas, é preciso desenvolver um espírito de fé, vivendo um dia de cada vez. Coloque os problemas com fé nas mãos de Deus que os uniu. Ele conhece a sua fraqueza e as suas dificuldades. Acredite no seu amor que nos provê nas necessidades. O remédio para as lamentações é substituí-las pela ação de graças e pelo sorriso. Não fique reclamando pelo que você não tem, mas agradeça a Deus e a seu cônjuge por tudo aquilo que você recebeu. Saiba olhar para trás e ver que há muitos em situação pior. Agradeça ao Senhor pelo seu esposo, pelos seus filhos, pelo seu lar, pelo seu emprego. Agradeça-lhe também pela roupa, pela saúde, pelo alimento de cada dia... enfim, por tudo. Você verá que a fé vai substituir a tristeza e a lamúria. A palavra de Deus nos diz: “Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias, daí graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (1Ts 5,16-18). Viva essa palavra e prometa a si mesmo nunca mais ficar se lamentando da vida e do seu cônjuge.
 
Extraído do livro Sereis uma só carne (Cleofas)
prof. Felipe Aquino (pp. 37-45)

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