Selecionamos alguns conselhos da doutrina católica para se viver um namoro com sentido verdadeiramente cristão.
A Constituição dogmática Lumen Gentium afirma o sentido do namoro (e outros estados de vida):
“Todos os cristãos são, pois, chamados e obrigados a tender à santidade e perfeição do próprio estado. Procurem, por isso, ordenar retamente os próprios afetos” (LG, 42).
O papa João Paulo II, na exortação Familiaris Consortio relembra o papel formativo da família na orientação dos jovens no processo de amadurecimento que passa desde o namoro até se consumar no matrimônio:
A família deve orientar, desde à infância, os jovens à descoberta de si, de suas as forças e fragilidades, ao desenvolvimento da personalidade, do caráter, dos valores humanos, do autocontrole, da forma como se relacionar com as pessoas (inclusive do sexo oposto), com a sociedade e com o mundo. Bem como também é o período de se receber uma sólida formação espiritual e catequética sobre os valores cristãos (Familiaris Consortio, n.66).
O papa Bento XVI chegou a afirmar que o namoro tem que ser vivido tendo em vista o matrimônio e o papa Francisco, em encontro com jovens na Umbria, exortou: “não tenhais medo de dar passos definitivos, como o do matrimónio: aprofundai o vosso amor, respeitando os seus tempos e as suas pressões, orai, preparai-vos bem, mas depois tende confiança que o Senhor não vos deixa sozinhos! Fazei-o entrar na vossa casa como um membro da família, e Ele amparar-vos-á sempre” (4 de Outubro de 2013).
O casal deve refletir a imagem de Deus um para o outro. Assim diz o Youcat, o catecismo jovem da Igreja Católica:
“Quem observa um casal de namorados olhando-se carinhosamente (...) fica com uma ideia (ainda que longínqua) do Céu. Pode ver Deus face a face é como um instante de amor, único e infindável” (YC, 158).
Ora, o que se diz aqui é que um deve ser a imagem e a semelhança de Deus na vida do outro: ao olhar para o namorado, a namorada deve sentir a presença de Deus; ao ver a face da amada, o namorado deve contemplar, de alguma forma, o reflexo do Senhor. O céu não é lugar das coisas passageiras, do provisório, do descartável; mas do amor firme, fiel, eterno. Céu é lugar da presença divina e da santidade.
O papa Bento XVI, em um encontro com namorados diz que os namorados têm que testemunhar esse reflexo divino na comunidade. E como fazer isso? Ele dá 10 conselhos práticos:
1. Evitar se fechar em “relações intimistas”;
2. Fazer com que o namoro se torne “presença ativa e responsável na comunidade” cristã;
3. Viver o amor como lugar da gratuidade, sacrifício de si, perdão e de respeito ao outro;
4. No namoro, deve-se buscar o amadurecimento;
5. Viver o tempo do namoro na expectativa do dom da vida matrimonial;
6. Deve-se percorrê-lo como um “caminho de conhecimento”
7. Procurar, desde já, “educar-se para a fidelidade”
8. Não se deve acelerar as etapas, pois isso “acaba por comprometer o amor”, que, ao contrário precisa, de respeitar os tempos e a gradualidade nas expressões;
9. O namoro deve “dar espaço a Cristo, que é capaz de tornar um amor humano fiel, feliz e indissolúvel”;
10. O casal deve “procurar e acolher a companhia da Igreja”.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC, 2350), referindo-se aos noivos, mas também podendo se aplicar aos namorados, ensina que:
- “Os noivos (e namorados) são convidados a viver a castidade na continência”;
- Viver “uma descoberta do respeito mútuo”
- A “aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus”;
- “Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal”;
- E também: “ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade” (CIC, 2350).
O documento Sexualidade Humana, do Conselho Pontifício da Família, ensina que:
“A castidade exige que se evitem certos pensamentos, palavras e ações pecaminosas” (Sexualidade Humana, 18);
Deve-se ainda evitar “ocasiões de provocação e de incentivo ao pecado [bem] como saber superar os impulsos da própria natureza” (Sexualidade Humana, 18);
E ainda procurar “disciplinar os sentimentos, as paixões e os afetos” (Sexualidade Humana, 16);
Papa Bento XVI, em pronunciamento no Brasil (10 maio de 2007), também lembrou aos jovens que devem procurar “resistir com fortaleza às insídias do mal existente em muitos ambientes, que vos leva a uma vida dissoluta, paradoxalmente vazia, ao fazer perder o bem precioso da vossa liberdade e da vossa verdadeira felicidade”.
A Sagrada Congregação para a educação Católica, ao traçar as linhas gerais para uma educação sexual nos lembra que:
As relações íntimas devem-se realizar somente no matrimônio (n.95);
E que “estão-se difundindo cada vez mais entre os adolescentes e os jovens certas manifestações de tipo sexual que por si se dirigem à relação completa sem, porém, chegar à sua realização; manifestações da genitalidade que são uma desordem moral, porque se dão fora de um contexto matrimonial”.
Ao contrário o documento lembra, na esteira de todo o pensamento da Igreja sobre o tema, que “o verdadeiro amor é capacidade de abertura ao próximo numa ajuda generosa, é dedicação ao outro para o bem dele; sabe respeitar a personalidade e a liberdade do outro; não é egoísta, não se procura a si próprio no outro, é oblativo, não possessivo. O instinto sexual, ao contrário, se entregue a si próprio, reduz-se à genitalidade e tende a dominar o outro, procurando imediatamente uma satisfação pessoal”.
Verdade que a Igreja reconhece que esse é um esforço muito grande e mas “torna-se possível pela graça divina mediante a palavra de Deus acolhida com fé, a oração filial e a participação nos Sacramentos, sobretudo, a Eucaristia e a Reconciliação” (n. 45), bem como “a oração pessoal e comunitária” como “o meio insubstituível para conseguir de Deus a força necessária para manter fidelidade aos compromissos baptismais, para resistir aos impulsos da natureza humana ferida pelo pecado e para equilibrar as emoções provocadas pelas influências negativas do ambiente” (n. 46).
Por isso, o papa Francisco aconselha que os namorados e noivos rezem um pelo outro e propõe a seguinte oração: “Senhor, o amor nosso de cada dia nos dai hoje”.
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